Era uma vez uma menina. Uma menina pequena e com sonhos gigantes. Ela nunca
fora a mais bonita e nem a mais popular, era simples, apesar da cara de
abusada. Idealizadora, queria ser salva por um príncipe como a Cinderela, ter
um bom emprego e construir uma família. Ansiava em ser gente grande, passar
batom vermelho e calçar sapato alto.
Ela cresceu, os
problemas elevaram-se ao quadrado multiplicado por mil. Percebeu que a vida não
era um conto de fadas, que príncipes só existiam naquelas histórias guardadas
naquele quartinho empoeirado no fundo da casa que vivera quase dezoito anos. Começou
a pensar em ser sozinha, achar possível viver feliz na solidão. Poderia comprar
um cachorro e tomar uma taça de vinho depois de um dia cansativo, dizem que
faz bem para o coração.
Começou a gritar por
independência, e compreendeu que precisava correr mais um pouco. Que o tempo
estava passando, e ela ficando para trás. Porém, escolher uma profissão tornou-se
difícil para uma pessoa indecisa e insegura como ela. Entrou no curso errado e
só assim para perceber que tudo feito até hoje não tinha passado de um grande
engano.
Construir uma família
ficou para trás, depois ou nunca mais. Mudou conceitos sobre casamento e
família perfeita. Passou a ver mais aparência do que amor, traição reinando
entre os relacionamentos e a fidelidade sendo esquecida. E ter uma vida a dois,
passou a ser uma eterna bobagem, mesmo que a maioria insiste em dizer que ela é
pra casar, amar e ser feliz. E ela sabe que não é bem assim: é egocêntrica,
complicada, insuportável e apesar de romântica têm conceitos feminista.
Enfim,
esta menina resolveu não sonhar, agora ela deixa as coisas acontecerem, sem
espera e sem medo. Entre lágrimas e sorrisos ela vai vivendo, ora tropeçando
ora em linha reta, mas sempre ela, por ela e só ela.